sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ciranda Cultural de Prendas - história

História:


O Concurso Estadual de Prendas, um dos mais importantes eventos do Rio Grande do Sul, embora tenha características de concurso, tem como principal objetivo, o incentivo ao estudo da cultura típica gaúcha, da história, da geografia, do folclore, da tradição e do tradicionalismo do nosso pago. O concurso propicia divulgar e resgatar brinquedos e brincadeiras folclóricas, linguagem, artesanato, culinária, indumentária, música, usos e costumes, literatura, crendices e superstições e outras, através da Mostra Folclórica, além de proporcionar a apresentação dos dotes artísticos através da dança tradicional, da declamação, da música e do canto.

O Concurso Estadual de Prendas foi instituído pelo 15º Congresso Tradicionalista Gaúcho, realizado na cidade de Santiago, entre os dias 08 e 11 de janeiro de 1970, mas o primeiro concurso, conforme a regulamentação aprovada, só aconteceu a partir de 1972. Atualmente ele integra a CIRANDA CULTURAL DE PRENDAS. Até o ano de 1984, os concursos de Prendas aconteciam na mesma época do Congresso Tradicionalista, somente a partir de 1985, é que os concursos passam a acontecer em data específica para tal.

Este concurso evoluiu e com diversas modificações, a saber: MAIS PRENDADA PRENDA, PRIMEIRA PRENDA (convidada), PRIMEIRA PRENDA (por venda de votos), PRIMEIRA PRENDA (eleita por votos e teste cultural), MAIS LINDA PRENDA e PRIMEIRA PRENDA escolhida por regulamentação específica, na categoria adulta, cujo primeiro concurso aconteceu em 1972, e a vencedora foi Lana Maria Prates, 18ª RT, do CTG “Rodeio da Fronteira”, de D. Pedrito.

Em 1982, tiveram início os concursos para Primeira Prenda adulta e mirim, cuja vencedora da categoria mirim foi Viviane Cardoso Oliveira, da 21ª RT, do CTG “Sinuelo”, da cidade de Canguçu. A partir de 1984, iniciou-se o concurso também para a categoria juvenil, cuja vencedora foi a jovem Daniela Patrícia Pértille, da 4ª RT, CTG “Vaqueanos da Fronteira”, de Alegrete.

Dentre outras, este concurso tem a finalidade de escolher, anualmente, dentre as candidatas, aquelas que melhor representem as virtudes, a dignidade, a graça, a cultura, os dotes artísticos, a beleza, a desenvoltura e a expressão da mulher gaúcha. Este concurso se desenvolve nas categorias mirim, juvenil e adulta. A fase final do Concurso realiza-se anualmente na segunda quinzena do mês de maio.

Informações sobre o concurso:
O Concurso estadual de Prendas é realizado em três etapas:
     1. Etapa Interna: a critério de cada entidade, que pode nomear suas representantes, quando não houver candidatas.
     2. Etapa Regional: de responsabilidade conjunta entre Coordenadoria e MTG. A prova escrita é elaborada pelo MTG e aplicada para todas as Regiões no mesmo dia e hora. As demais provas são programadas pelas Regiões e julgadas por avaliadores de outras Regiões.
     3. Etapa Estadual: de responsabilidade do MTG, realizado no município da 1ª Prenda do Estado, no último final de semana do mês de maio .

Cuidados:
     a) Inscrição das concorrentes da Região para etapa Estadual (final), até 30 dias antes da data do início do concurso.
     b) Orientar as concorrentes da Região quanto aos relatórios e as regras do concurso.
     c) Conferir as idades das prendas: (computada em 31 de maio, na fase estadual)
- categoria adulta: ter mínimo 18 anos, possuir ou estar cursando o Ensino Médio.
- categoria juvenil: entre 13 a 17 anos, possuir ou estar cursando a 6ª série.
- categoria mirim: entre 9 a 13 anos incompletos, possuir escolaridade mínima ou estar cursando a 3ª série do Ensino Fundamental.

Prendas do Rio Grande do Sul 2009/2010

Gabrielle Pio com a 1ª Prenda do RS Cristiane Greiwe Bortoluzzi

 Juliana de Oliveira com a 1ª Prenda Juvenil Andrissa Righi Seixas

 Andréia Pereira com a 1ª Prenda Mirim Lydia de Moura Azevedo

Francieli Santos com a 2ª Prenda Juliana Garcia Rodrigues

Laura Capiotti com a 2ª Prenda Juvenil Carolina Machado Eléguida

Natalia Moreira com a 2ª Prenda Mirim Amália Pletsch

Paula Schmidt com a 3ª Prenda do RS Maria Carolina Serpa de Oliveira

 Maiqueli Angeli com a 3ª Prenda Juvenil Kelem Freitas Duarte

 Tanielley Machado com a 3ª Prenda Mirim Mylena Munaro Bruschi

Fonte: Site do MTG 
www.mtg.org.br

Deixo o meu carinho imenso a esta gestão que se despede, por sua coragem, por terem lutado em busca de seus sonhos, e por tão bem terem representado a cultura da mulher gaúcha!
Prendas deste Rio Grande, gestão 2009/2010. Este título, é eternamente de vocês! 

E daqui exatas quatro semanas, em média 70 prendas estarão em Santa Maria, coração do Rio Grande, em busca do seu objetivo maior. Coração bate mais forte, sono que não vem... milhares de detalhes a serem acertados. Tudo isso, nos fará muita falta quando tudo acabar, porém o sentimento que ficará, de dever cumprido, é que precisa prevalecer!

Apenas 9 prendas com seu sonho realizado. Apenas 9 prendas voltarão pra casa de faixa nova, a faixa tão desejada. As demais levarão pra suas casas todas as lembranças deste final de semana frio de maio, os conhecimentos que adquiriram, os sonhos adiados... e a certeza de que tudo valeu a pena!

Um fortíssimo abraço a todos, e um lindo final de semana!

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Estuda, tchê: Folclore

Foi Willian John Thoms, um arqueólogo inglês, o criador do termo, da palavra Folk – lore, aportuguesada para folclore, que significa folk = povo e lore = saber, conhecimento. Em 22 de agosto de 1846, a revista The Atheneun, de Londres, publicou a carta de Willian, na qual era proposta a criação da palavra, para designar "os estudos dos usos, costumes, cerimônias, crenças, romances, refrões, superstições, etc. Portanto o dia 22 de agosto foi institucionalizado como dia do folclore, no mundo.

Entre as ciências que auxiliam o Tradicionalismo, destaca-se em pé, a igualdade com a história, o folclore.

O Folclore é a ciência que estuda a cultura espontânea do grupo social. A cultura espontânea é aquela que o grupo incorpora naturalmente, sem ensino formal e que dessa maneira se transmite no tempo e no espaço. Como o próprio nome sintetiza, é a ciência do povo, são as tradições, os costumes, as crenças populares, o conjunto de canções, as manifestações artísticas, enfim, tudo o que nasceu do povo e foi transmitido através das gerações.

Fato folclórico: Para que um fato seja reconhecido e mantido como folclórico, é essencial que tenha as características de aceitação coletiva, funcionalidade, espontaneidade, intemporalidade e tradicionalidade. Vejamos: ACEITAÇÃO COLETIVA - o povo deve incorporar o fato ao seu patrimônio, tomá – lo para si e mantê – lo; FUNCIONALIDADE – ser útil, prático, Ter uma função; fatos há que, por perderem a função, deixam de ser folclóricos, passando a históricos; ESPONTANEIDADE– surgir naturalmente, livre de condicionamentos, sem imposições; INTEMPORALIDADE – independer do tempo, não se sabe quanto vai durar, podendo ser eterno, perene se assim o povo quiser; TRADICIONALIDADE – passar de geração a geração, refletir uma experiência de vida dos antepassados, mas estar presente, vivo.
Tendo como parâmetro, o fato folclórico pode ser classificado como nascente, vigente ou histórico. NASCENTE - é aquele fato que não tem ainda a característica de tradicionalidade; sua aceitação popular é inferior a 25 anos. Ex.: brincadeira de pular elástico, bambolê. VIGENTE – consiste em fato que continua resistindo ao tempo, com aceitação coletiva de mais de 25 anos; é dinâmico. Ex.: bombacha, chimarrão, churrasco, cinco marias, valsa, vaneira, rodas cantadas, provérbios, pandorga, bolinha de gude, etc. HISTÓRICO – fato que já perdeu a função; não é mais vivido, mas sim cultuado, simbolizando o passado, é estático. Ex.: boleadeiras, chiripá, bota de garrão de potro, danças do Ciclo dos Fandangos.

Reinterpretação folclórica:
Projeção folclórica consiste no aproveitamento dos fatos folclóricos vigentes, fora da época em que se realizam ou, ainda, fora de suas funções, para outras finalidades.
A projeção folclórica pode ter motivação política, estética, ética ou didática, ou seja, o fato folclórico tem motivação: POLÍTICA - o fato surge por interesse dos governos, que fomentam o intercâmbio cultural entre as regiões. ESTÉTICA - é comum nas artes populares como a demonstração de artesanato indígena em centros urbano. DIDÁTICA - o fato folclórico é projetado fora de seu tempo ou espaço para divulgação ou aprofundamento de estudos.
Exemplos de projeção folclórica: Fandangos em CTG de zona urbana; músicas e poesias, que utilizam temas folclóricos, bem como esculturas e pinturas; apresentação de Terno de Reis e Terno de Santos fora da data e do local onde costumam acontecer; coreografias criadas utilizando ritmos folclóricos.

Reinterpretação folclórica é a apresentação ou o aproveitamento de fatos folclóricos históricos, que adquirem novo significado cultural. Através deste processo, antigas significações são atribuídas a elementos novos ou novos valores mudam a significação cultural de formas antigas. Exemplos de reinterpretação folclórica: apresentação das danças do folclore histórico nos CTGs, as quais, em época passada, tiveram função lúdica e, hoje, têm função didática. No ENART – Encontro de Arte e Tradição Gaúcha a entrada e a saída de uma Invernada Artística constituem-se numa Projeção Folclórica, enquanto que as danças de concurso são uma Reinterpretação do Folclore. 

segunda-feira, 26 de abril de 2010

MTG vai à Escola [2]

Da mesma maneira que a 1ª Prenda Juvenil Rafaela Tedesco de Marco, eu, 1ª Prenda da 24ª Região Tradicionalista, Carolina Bouvie dos Santos, realizei o projeto "MTG vai à Escola" no município de Arroio do Meio.

No mês de março fui até a Escola Estadual de Ensino Médio Guararapes para ver sobre a possibilidade da realização do projeto na escola. Após conversação, marcamos os seis encontros para o mês de abril, sendo agendadas três visitas com o 4° ano e três visitas com a 4ª série, ambos do ensino fundamental. Os assuntos trabalhados foram Brinquedos e Brincadeiras Infantis, trabalhado com o 4ª ano, em minha 1ª ação, e Chimarrão com a 4ª série, sendo esta a 2ª ação.

Todas as atividades propostas foram muito bem aceitas, tanto pelos alunos quanto pelas professoras e direção da escola. Os alunos puderam adquirir conhecimentos que iam além do que eles já conheciam sobre os assuntos, visto que brincadeiras e chimarrão é algo que faz parte do cotidiano da grande maioria deles.

Com os alunos da 4ª série na 1ª visita

Meninos do 4° ano brincando de cinco marias

Um forte abraço a todos. E até mais!

MTG vai à Escola

Na postagem de hoje, mostrarei a vocês um pouquinho do que foi realizado pela 1ª Prenda Juvenil da 24ª Região Tradicionalista, Rafaela Tedesco de Marco, em seu projeto "MTG vai à Escola".

Dando início aos trabalhos, no mês de novembro Rafaela foi até a Escola Municipal de Ensino Fundamental Afonso Celso, no município de Arroio do Meio, ver sobre a possibilidade da realização do projeto naquela instituição de ensino. Após reunião com a direção, foi firmado o compromisso e nos dias seguintes deu-se início às visitas.

Rafaela realizou suas duas ações em quatro encontros com a turma que abrange os alunos do 2° ao 5° ano, trabalhando com eles os Simbolos Oficiais do Rio Grande do Sul, e Lendas Gaúchas. A Prenda Juvenil nos conta que foram momentos de muita descontração, em que os alunos realmente se sentiram satisfeitos e felizes com os aprendizados. Por ser uma escola do interior, muitas vezes estes alunos não tem muitas oportunidades de conhecer algo diferente, de entrar em contato com outras culturas e pessoas que lhes tragam certas atividades diferenciadas. Este foi um dos principais motivos pela escolha de Rafaela em realizar o projeto nesta escola, não deixando então, de certa maneira, de ser uma Inclusão Social.

Rafaela, juntamente com a Coordenadora Cultural da 24ª RT em sua 1ª ação

Alunos realizando a atividade proposta

Lembrando que este, e outros projetos que foram realizados, fazem parte da preparação para a 40ª Ciranda Cultural de Prendas em sua fase Estadual, que será realizada nos dias 28 e 29 de maio na cidade de Santa Maria.

Um forte abraço a todos, e até a próxima.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

22° Entrevero Cultural de Peões e Guris Farroupilhas do RS

É neste final de semana, no município de Tramandaí, o Concurso Estadual de Peões e Guris do Rio Grande do Sul. Representando a 24ª Região Tradicionalista, o Peão Farroupilha Diego Goethel, e Guri Farroupilha Fellipe Mayer, ambos da cidade de Venâncio Aires.
Segue a programação das provas:

Sexta-Feira
7h: Café da Manhã
8h30: Hasteamento dos pavilhões
9h: Início da Prova Escrita
9h às 10h: Palestra sobre "A formação das Estâncias" na Escola
11h30: Almoço
13h30: Início das Provas Artísticas
Palco A - Peões
Palco B - Guris
19h30: jantar
21h30: Sessão solene de Instalação do 22° ENTREVERO CULTURAL DE PEÕES E GURIS DO RS

Sábado
7h: Café da manhã
8h: Início das Provas Campeiras
12h: Almoço
13h30: Reinício das Provas
20h30: Jantar
23h: Fandango Oficial com Divulgação dos Resultados

É chegada a hora de fazer valer todo o esforço de um ano de gestão.
É chegada a hora em que centenas de dias se resumem em apenas dois.
É o momento de mostrar a todos as capacidades que se tem, os conhecimentos que foram adquiridos, e a garra que se faz mais forte quando queremos realmente algo.
Amigos queridos, jamais esquecerei tudo o que passamos juntos desde junho de 2009.
Cada dificuldade, cada risada, cada reunião, cada evento, e cada superação!
Desejo muito sucesso a vocês, e sei que a nossa região estará muito bem representada.
Vocês só irão ler isso tudo quando já estiverem em casa, quando tudo já tiver passado e vocês estiverem com uma tonelada a menos nas costas. Digo isso porque sei exatamente o que se sente nas vésperas de um Estadual, afinal daqui 36 dias será a minha vez... mas mesmo que tudo já tenha acabado, neste momento em que escrevo sei que passo minhas vibrações positivas e elas chegam até vocês.
Sucesso, sucesso, sucesso!

Um ótimo final de semana a todos, enquanto eu fico aqui com o meu nervosismo e curiosidade em saber como andam as coisas pelo litoral!
Sem deixar lembrar, Fandango no CTG Querência do Arroio do Meio amanhã.
Nos vemos por lá :)

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Estuda, tchê: Tradicionalismo

Tradição, um culto, e Nativismo, um sentimento, existem em todo mundo. Agora, Tradicionalismo só existe no Rio Grande do Sul. Tradição e Nativismo podem andar com uma única pessoa. Existem no singular. Tradicionalismo, não: é obrigatoriamente associativo, coletivo. Tradicionalismo é um movimento cívico-cultural. É a Tradição em marcha, resgatando valores que são válidos não por serem antigos, mas por serem eternos, exatamente os valores que trouxeram o Rio Grande e o gaúcho do passado para o presente, projetando-os no futuro.

Desde o século passado, a fundação de entidades tradicionalistas aponta para a tentativa de organizar a Tradição como Movimento. Em 1857 funda-se na Corte do Império brasileiro (Rio de Janeiro) a Sociedade Sul-Riograndense, de cunho tradicionalista. Entre seus fundadores, Pereira Coruja, autor da primeira pesquisa de folclore feita no RS. Os demais eram homens ricos, intelectuais, jornalistas, que fugiam das guerras que lavravam episodicamente no sul. A Sociedade Sul-Riograndense existe até hoje, é muito rica e tem inclusive, um CTG, o “Desgarrados do Pago”, com sede social e campeira, onde realiza até rodeios crioulos.

No Uruguai em 1894, poetas e outros artistas e intelectuais platinos fundam a Sociedad La Criolla, oficialmente para o culto das tradições gauchescas, mas na realidade para combater a invasão dos “gringos”, dos descendentes de italianos, que arrancavam para o campo uruguaio com muita força. 

No RS, a 22 de maio de 1898, o Major João Cezimbra Jacques, do Exército brasileiro, gaúcho de Santa Maria, inspirado na Sociedad La Criolla, funda em Porto Alegre o Grêmio Gaúcho, para unir os rio-grandenses desunidos pela sangrenta Revolução de 93, que se prolongara até 1895. O Major Cezimbra Jacques, que é hoje o Patrono do Tradicionalismo Gaúcho, tentou efetivamente deflagrar um movimento tradicionalista, incentivando a fundação de sociedades congêneres nas demais cidades gaúchas. Em Pelotas, funda-se a 10 de setembro de 1899 a União gaúcha, que teve em suas lideranças nada menos que o grande escritor João Simôes Lopes Neto. Em Bagé, seis dias mais tarde (16 de setembro de 1899) funda-se o Centro Gaúcho. Chega o século XX e a 12 de outubro de 1901 funda-se em Santa Maria o Grêmio Gaúcho, claramente atendendo ao chamamento de Cezimbra Jacques, cria da terra. 

E aí, tudo parou. Cezimbra Jacques é transferido para o Rio de Janeiro, onde morre, alguns anos mais tarde, sem voltar aos pagos. A União Gaúcha ainda resiste vários anos, mas termina paralisando suas atividades. Do Centro Gaúcho, de Bagé e do Grêmio Gaúcho de Santa Maria, pouco se falou, depois da festa de fundação. Desapareceram sem maiores consequências. O próprio Grêmio Gaúcho de Porto Alegre termina abandonando sua missão pioneira e, apesar do vasto patrimônio em imóveis que ainda hoje tem, agora é apenas uma associação urbana, fechada, na mão e poucos, que há de ser mais cedo ou mais tarde desapropriado em função do seu valor histórico. 

Passam-se anos e, décadas mais tarde, a Alemanha nazista se levanta das cinzas da I Grande Guerra e começa a atrair as simpatias dos descendentes de alemães, em todo o mundo. No Rio Grande do Sul, claro, a propaganda hitlerista foi intensa. Então, a 31 de janeiro de 1938, um grupo de moços que falavam o português com forte sotaque teuto-riograndense, fundou em Lomba Grande a Sociedade Gaúcha Lomba-grandense, para testemunhar o seu amor pelo Rio Grande e pelo Brasil. Essa entidade existe até hoje, é forte, rica e respeitada. Seus fundadores, a princípio, foram hostilizados, chamados de “clube de alfafa”, mas resistiram a tudo. Não eram alemães, não queriam ser nazistas. Eram gaúchos e brasileiros e provaram isso com muita coragem e com muito amor. A 19 de outubro de 1943, em plena II Guerra Mundial e no meio de uma comunidade de descendentes alemães, um gaúcho admirável, sonhador e visionário, liderou a fundação do Clube Farroupilha voltado exclusivamente para o culto das tradições gauchescas. Ele era o Capitão Laureano Medeiros e a cidade cenário desse acontecimento histórico e também pioneiro é Ijuí. O Clube Farroupilha, aliás, continua até hoje, sem interrupções, com sua bela atividade tradicionalista.

Esses foram os esforços feitos antes que o Movimento Tradicionalista se tornasse uma realidade.
O Ditador Getúliio Vargas, em 1937, tinha proibido no Brasil o uso dos símbolos estaduais: o hino, a bandeira, o brasão. Com o fim da guerra, em 1945, Vargas foi derrubado e com a volta da democracia os símbolos estaduais gaúchos tornavam a aparecer.

Em 1947 um moço, nascido em Livramento, chamado João Carlos D'Ávila Paixão Côrtes, estudante do  Colégio Estadual “Júlio de Castilhos” viu um pano colorido, já desbotado, rasgado e sujo, servindo de cortina para um bar de quinta categoria. Desconfiado, puxou de uma ponta: era a sagrada bandeira do Rio Grande do Sul! Dizem que esta foi a única vez que Paixão Côrtes chorou.

Então, como o governo do Estado ia trazer de Livramento os restos mortais do grande herói farroupilha Davis Canabarro, ele conseguiu reunir mais sete companheiros, cavalos e arreios e assim, bem pilchados e de-a-cavalo oito rapazes deram escolta gauchesca de honra aos gloriosos despojos. Na Praça da Alfândega, onde fizeram um alto para a cerimônia, aproximou-se deles um guri tímido, tipo precoce: Luiz Carlos Barbosa Lessa, de Piratini, por cioncidência também estudante do “Julinho”. Logo depois, no mesmo lugar, outro moço, já mais velho, de óculos e poeta conhecido: Glaucos Saraiva. Assim se reuniu, meio por acaso, a Santíssima Trindade do Tradicionalismo Gaúcho: Paixão, o dínamo propulsor. Lessa, o estudioso, o teórico. Glaucus, o organizador, o disciplinador. Poucos dias depois, sempre por iniciativa de paixão, realizou-se no Colégio “Júlio de Castilhos” a primeira Ronda Crioula do Tradicionalismo. E a mais longa de todas: durou 12 dias, desde que um piquete de cinco cavalarianos recolheu no Altar da Pátria, na hora da extinção, a zero hora de 8 de setembro de 1947, uma “mudinha” da chama simbólica. Em rápida galopeada, queimando as mãos, os cinco levaram essa chama para inflamar o Candeeiro Crioulo armado no “Julinho”, onde ardeu até 20 de setembro, o Dia do Gaúcho data magna do Rio Grande do Sul.

Durante essa primeira Ronda Crioula houve festa com música, poesia, fandango, concursos e discursos. Verificando assim o enorme êxito, no que ajudou o convite que os rapazes fizeram a homens maduros, como Manoelito de Ornellas, Amândio Bicca r Valdomiro Souza, os moços resolveram fundar uma entidade permanente para a defesa das tradições gauchescas. Agora sim, o gaúcho, seus usos e costumes estão ameaçados. A forte propaganda americana mete goela abaixo da juventude de nossa terra, com as Seleções, as revistas em quadrinhos e o cinema, o “cow-boy” e toda uma gama de heróis norte-americanos, e por trás disso tudo se vão as ricas divisas acumuladas pelo Brasil durante o conflito e vem o plástico, o uísque, a coca-cola e o chiclé, além de armas e veículos de guerra que estão sobrando nos Estados Unidos.

A nova entidade que os rapazes sonham fundar seria um clube exclusivamente masculino, só com 35 sócios (para evocar o ano que começou o Decênio Heróico) e a sede seria um rancho no Parque da Redenção. Mas aí as férias escolares interromperam os planos. Reencontram-se todos com o começo das aulas, em 1948 e a 24 de abril, no amplo e sólido porão do solar da família Simch, na rua Duque de Caxias (ainda existe um moderno edifício no lugar) funda-se depois d muita discussão, o “35” - Centro de Tradições Gaúchas, nome proposto por Barbosa Lessa. Flávio Ramos propõe o lema: “Em qualquer chão, sempre gaúcho!”. Guido Mondim desenha o símbolo: o número 35 atravessado por uma lança de cavalaria. Glaucus Saraiva imagina toda uma nomenclatura campeira para os cargos de diretoria e repartições do novo centro e é eleito o seu primeiro Patrão.

E logo o chamamento do “35” encontrou resposta. A 8 de agosto desse mesmo ano os rapazes de Porto Alegre tem que ir a Taquara, onde se funda o “CTG Fogão Gaúcho”, copiando em tudo o modelo proposto pelo Pioneiro “sui-generis”, original, único no mundo, onde cada célula guia-se obrigatoriamente pelos mesmos princípios e normas de ação.

O Tradicionalismo tem aspectos especiais e específicos, que são os culturais, divididos em ciências e artes. Os aspectos especiais são cinco e todos são fundamentais. Faltando qualquer um deles, já não se fala em Tradicionalismo.

Aspecto cívico: É o que primeiro se nota nas atividades do CTG. Lá estão as bandeiras, os hinos do Brasil e do Rio Grande do Sul, nas festas, nas solenidades, nos desfiles de cavalaria e nas sedes são comuns os quadros retratando os nossos heróis e figuras patrióticas. O gaúcho, aliás, tem duas pátrias: a Pátria Grande, que é o Brasil e a Pátria Pequena, ou Chica, que é o Rio Grande do Sul.

Aspecto filosófico: O aspecto filosófico do Tradicionalismo é dado pelos quatro documentos básicos que norteiam obrigatoriamente todos os centros de tradições gaúchas. O primeiro é a tese “O sentido e o valor do tradicionalismo gaúcho”, de Barbosa Lessa, aprovada no I Congresso Tradicionalista do RS, em Santa Maria, julho de 1954. O segundo é a tese “A função aculturadora dos centros de tradições gaúchas”, de Carlos Galvão Krebs, aprovada no II Congresso Tradicionalista do RS, em Rio Grande, julho de 1955. O terceiro é a “Carta de Princípios do Movimento Tradicionalista”, de Glaucus Saraiva, aprovada no VIII Congresso Tradicionalista do RS, em Taquara, julho de 1961 e o quarto é a tese “A função social do MTG”, redigida por Antônio Augusto Fagundes sob orientação de Onésimo Carneiro Duarte, aprovada pela Convenção Tradicionalista de Lagoa Vermelha, em julho de 1984. Esses quatro documentos fundamentais ditam a filosofia do Tradicionalismo, dando-lhe unidade e tornando-o um movimento. Se não, haveria entidades tradicionalistas com orientação própria, sem um sentido comum, como sucede em outros Países.

Aspecto ético: Este é o aspecto da filosofia não escrita do Tradicionalismo, que diz sobre o permitido e o proibido dentro das entidades Tradicionalistas, mas informalmente. Por que não realizam bailes de carnaval dentro de um CTG? Por que não existe droga? Nada disso é proibido pelos estatutos e regimentos internos e, no entanto, a ética do Tradicionalismo disciplina esses assuntos sem o uso das sanções, apenas por sua força intrínseca, forte como tudo o que a gente leva naturalmente dentro de si.

Aspecto associativo: Toda a entidade tradicionalista reveste obrigatoriamente o caráter de associação civil, organizada e registrada de acordo com a lei brasileira. O Tradicionalismo é obrigatoriamente coletivo. Individual, quando muito, a Tradição.

Aspecto recreativo: Além de tudo o que se oferece, o Tradicionalismo precisa oferecer aos associados também recreação. Lá está a roda de mate, o churrasco, o arroz-carreteiro, o cigarro palheiro e o infaltável fandango, que é o momento de recreação por excelência do Tradicionalismo.

Fonte: Curso de Tradicionalismo Gaúcho - Antonio Augusto Fagundes

Lembrando que é neste final de semana que ocorre em Tramandaí o Entrevero de Peões e Guris em sua fase Estadual.
Deixo votos de sucesso e um forte abraço a meus companheiros de gestão Diego e Fellipe que estão em busca deste sonho. Infelizmente o abraço não será dado pessoalmente, mas meus pensamentos durante os próximos dois dias certamente estarão lá com vocês.
Um ótimo restinho de semana a todos, e muito obrigada pelas visitas :)

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Entrevero Cultural de Peões e Guris do RS

O Concurso Estadual de Peão e Guri Farroupilha é um dos eventos mais importantes do Rio Grande do Sul. Embora se revista com características de concurso, ele tem como principal objetivo o incentivo ao estudo da história, da geografia, do folclore, do tradicionalismo gaúcho, da cultura típica gaúcha, especialmente a que tem origem nos campos do nosso pago gaúcho. O evento propicia a integração e a confraternização de jovens de todo o Estado, que se reúnem para demonstrar suas habilidades com o cavalo, na dança, na declamação e no artesanato em couro.
Em 1988, por ocasião da 27ª Convenção Tradicionalista do MTG, realizada na cidade de Caxias do Sul, de 28 a 31 de junho, foi instituído o Concurso Estadual do Peão Farroupilha. A primeira edição aconteceu na cidade de Cachoeira do Sul, 5ª RT, cujo vencedor foi o jovem Agnaldo Reis, da 4ª RT, do P. L. “Esteios de Japejú”, Uruguaiana. Até o ano de 1992, o referido evento acontecia paralelo ao Concurso Estadual de Prendas. Já no ano seguinte, 1993, passou a acontecer desvinculado do mesmo, na cidade e região tradicionalista representada pelo Peão Farroupilha. Foi então que aconteceu na cidade de Restinga Seca / 13ª RT.A partir de 1995, foi introduzido o concurso para a categoria guri.

Este concurso visa:
* elevar o nível cultural dos Peões das Entidades filiadas ao MTG, desenvolvendo nos mesmos, a liderança, o interesse pelo estudo e pesquisa de História, Tradição e Folclore Gaúcho, equiparando às suas habilidades artísticas, campeiras e artesanais;
* uma maior participação e comprometimento dos Peões a fim de contribuir para o crescimento qualitativo das entidades.
O concurso acontece nas categorias guri (de 12 a 17 anos) e peão (a partir de 17 anos). A fase final acontece anualmente no mês de abril, na Região Tradicionalista representada pelo Peão Farroupilha.

Despedem-se no próxima final de semana, os Peões e Guris do Rio Grande do Sul, gestão 2009/2010:
Peão Farroupilha
Maickel Martins Danielce - CTG Potreiro Grande - 23ª RT

 Destaque Campeiro
Lucas Jardim Pettine - CTG Os Vaqueanos - 13ª RT

 Destaque Artístico/Cultural
Cesar Augusto Gallert Felipin - CTG Passo do Ijuí - 3ª RT

Guri Farroupilha
Airo Alves Guimarães - CTG Vaqueanos da Fronteira - 4ª RT
Destaque Campeiro
José Carlos Lima Tassinari Junior - CTG Gen. Bento Gonçalves da Silva - 16ª RT

Destaque Artístico / Cultural
Mauro Augusto Pinheiro Junior - CTG Guapos da Amizade - 1ª RT
Fonte: Site do MTG

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Estuda, tchê: Ritos

Segundo Summer, o rito é um processo suscetível de estabelecer e desenvolver costumes, o RITO é constituído por ações estandardizadas, baseadas sobre uma disciplina escrita e ligada à fórmulas, gestos, símbolos e sinais se um determinado significado para a sociedade que o engendrou. O rito pode adquirir uma certa estabilidade, quando executado ritmicamente e acompanhado de músicas, versos, danças ou cantos. Na religião, o rito representa um processo específico de comunicar-se com forças sobrenaturais.

Cruz de Estrada: cruz marcando locais onde ocorreu morte trágica. É costume colocar uma pedrinha no local, rezar ou benzer-se.

Santa Cruz:
as que são erguidas nos lugares onde haja capelas ou por onde passaram missionários. Aí são acesas velas ou feitas devoções com finalidade de pagar promessas, ou alcançar graças.

Cruz Mestra:
cruz maior, encontrada em certos cemitérios. As pessoas, distantes dos locais em que se encontram seus entes enterrados, aí rezam ou acendem velas para alma do Purgatório.

Capela: pequeno nicho, gruta com Santo à beira da estrada; costume comum em área de colonização italiana.

Promessa: algumas são em forma de “ex-votos”; outras em penitência: oferecer mechas de cabelo ou tranças (provindo do costume romano de oferecer a cabeleira a Apolo na chegada da puberdade); não cortar o cabelo até a idade X em troca de favor; subir de joelhos escadas de igreja. É uso no litoral do RS, doar para leilões de igreja massas antropomorfas. Figuras zoomorfas, embora não ligadas à partes do corpo, são dadas em intenção de obter boa saúde. Nestes casos está o lagarto, muito comum. A promessa pode ser feita com novenas, terços cantados, privar-se de diversões, vestir roupa especial para procissões, andar descalço, deixar crescer o cabelo. Em Criúva, a Dança de São Gonçalo é motivo de promessa.

Ex-votos: o ex-voto representa, simbolicamente, o que se oferece em regozijo à graça alcançada. Pode aparecer sob a forma de quadro, imagem, desenho, escultura, sitoplástica, fotografia, peça de roupa, fita, mecha de cabelo, etc. Estes ex-votos acham-se, geralmente, junto às capelas ou lugares considerados sagrados (Gruta da Glória/Porto Alegre; Gruta do Rio das Antas).

Romaria:
vários locais dão motivos para romarias: túmulo do Padre Reus (São Leopoldo); túmulo do Padre Roque Gonzales (Missões); Igreja de Caravaggio (Farroupilha); Romaria de Santo Antão (Santa Maria); Romaria na igreja de Santa Rita de Cássia (Porto Alegre).

Mesa dos inocentes:
promessas que consistem em dar de comer a sete crianças com menos de sete anos em mesa colocada no chão. Na cidade de Mostardas, distribuem mãozinhas feitas de pão às crianças.

Promessas de bandeira: em pagamento de promessa, pedir chuva, afastar peste, pequenos grupos saem com a bandeira do Divino, percorrendo distância delimitada.

Ritos de morte: atirar três punhados de terra sobre o caixão que desce à cova.

Mortalhas: vestir crianças de anjo e moças de noiva ou com roupas de santos; colocar vela na mão de agonizante; fechar olhos do morto; abrir todas as portas e janelas quando morre alguém e fechá-las após enterro são ritos que se preservam.

Coberta d'alma:
ritual que consiste em doar roupas novas a um amigo do falecido, para que ele possa entrar leve no céu e sua alma, se aparecer, estará de roupa nova. Quem veste a coberta d'alma deve dizer, no momento em que colocar cada peça: “Fulano, esta é a última camisa que tu vestes”, etc. Igualmente, assistir à missa de sétimo dia e a de mês, com a mesma vestimenta.

Recado ao morto: esta tradição, provinda dos romanos e introduzida pelos portugueses é encontrada em várias localidades, consiste em pôr o bilhete, com pedidos, no caixão. Também, escrevem-se recados ou pedidos sobre túmulos (Mão Preta, em Bagé; Armando Cruz, em Cruz Alta; Getúlio Vargas, em São Borja).

Enterro de anjo: crianças, que morrem antes do batismo ou nascem mortas, recebem sepulturas em local separado dos demais.

Velório da cruz:
cerimônia na qual velam a cruz definitiva que irá para o túmulo do falecido. A cruz é batizada, tendo início o ritual, sete dias após a data do falecimento, porém respeitando-se a mesma hora. (Missões)

Excelências ou Incelências: benditos e frases rimadas, entoadas pelos cantores junto ao defunto. A incelência é de introdução portuguesa e cantada até doze para adultos, e 9 incelências para crianças. Alguns cantadores chamam a última de derradeira. Estas cantorias também são usadas para aplacar tempestades ou pedir chuva.
Fonte: Rio Grande do Sul, Aspectos do Folclore - Lilian Argentina Marques e outros.

terça-feira, 13 de abril de 2010

Estuda, tchê: Curiosidades sobre o Chimarrão - Cevando o Mate

Estamos nos aproximando do dia 24 de abril, que além se ser o dia em que comemoramos o Tradicionalismo Gaúcho, também é o dia de dois símbolos importantíssimos do Estado, o Churrasco e o Chimarrão. Sendo assim, hoje trago-lhes um resumo do livro Cevando Mate, de Glênio Fagundes, livro este que está na bibliografia indicada para os Concursos de Prendas e Peões.


A Erveira: A erveira adulta possui a aparência de uma laranjeira. Seu tronco, de casca lisa e esbranquiçada tem cerca de 30 cm de espessura, possuindo folhas perenes (não caem no inverno). Sua estatura varia de 6 a 8 metros de altura, o tronco é reto, com muitos ramos alternados. Uma erveira nativa, com mais de 6 anos produz em média 100 Kg de matéria-prima por safra. Quando cultivada, apresentando mais ou menos 3 metros de altura aos 4 anos, chega a fornecer 90 a 180 Kg. Na América do Sul, existem em torno de 280 espécies, quase todas do gênero Ilex. A nossa erva-mate é extraída da Ilex paraguariensis. Os estados que produzem mate no Brasil são: Rio Grande do Sul, Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul e, em mínima escala, São Paulo. Esta planta é nativa das matas sul-americanas: Brasil, Argentina, Paraguai e, em menor escala, Peru, Equador, Colômbia e Uruguai.

Fazer a erva: SAPECO – Após o corte dos ramos da erveira, estes são passados rapidamente pelas labaredas de uma fogueira feita no local. A finalidade desta operação é a de abrir os vasos da folha através de uma intensa sudação, provocando uma desidratação mais rápida. CARIJÓ – Método primário, artesanal, de torrefação, usando o calor direto de uma fogueira, até as folhas se tornarem crespas e quebradiças. Esta operação dura aproximadamente 7 horas. BARBAQUÁ – Preenche a mesma finalidade do carijó, no caso do calor, é indireto. Esta operação varia de 14 a 16 horas para completar a torrefação. Este é o método empregado na industrialização da erva-mate. CANCHEAMENTO – É a trituração de folhas e caules na cancha. Esta operação, primitivamente, era feita sobre um carnal de couro cru, onde os ramos vindos do carijo eram golpeados com um facão de madeira. Seu acabamento era feito em pilões. Nas canchas mais evoluídas, com rolo sobre um tablado de madeira, é usada a tração animal. Após a trituração das folhas e caules, é feita a primeira peneiragem (cancha furada); a erva é peneirada na cancha. Depois disto, a erva-mate é ensacada ou enocada em depósitos arejados e secos.  

Tipos de erva-mate: PURA FOLHA ou TIPO ARGENTINA – feita só da folha. BARBAQUÁ ou TIPO MISSIONEIRA – maior aproveitamento da erveira com todo o ramo, isto é, folha e caule.
 
Quanto à fortidão: BRABA – seu sabor é forte. Custa mais a lavar. De cor verde escura, com mais ou menos 30% de extrato aquoso. MANSA – seu sabor é suave. Lava mais rapidamente. De cor amarelada, com baixa porcentagem de estrato aquoso. CAABERÁ e CAÚNA – os guaranis assim chamavam a erva-mate de má qualidade. Quando alguém se refere à má qualidade da erva-mate, costuma dizer: “que caúna braba!”.

Na intimidade do mate: O ato de preparar o mate pode ser chamado de: Cevar o mate, Fechar o mate, Fazer o mate, Enfrenar o mate. Convite para tomar mate: Vamos matear? Vamos gervear? Vamos chimarrear? Vamos verdear? Vamos amarguear? Vamos apertar um mate? Que tal um mate? O mate pode ser tomado de três maneiras, em relação à companhia: o mate solito (isoladamente), o mate de parceria (uma companheira ou companheiro) e, finalmente, em roda de mate (grupo). Para se receber ou entregar a cuia de mate, deverá ser feito com a mão direita. No caso da mão direita estar ocupada, a pessoa deverá dizer: - Desculpe a mão. Mas é a mesma do coração. Assim sendo, a roda sempre “andará” para o lado direito também. Nos mates de parceiro ou em rodas de mate, só se agradece quando não se quer mais matear, quando está satisfeito. MATE DO ESTRIBO – é o mate que se toma antes de ir embora. Normalmente o cevador costuma dizer para a pessoa que está por sair: “Tome outro para o estribo”. O ÚLTIMO MATE – quando alguém diz “Tome um último mate!”, o gaúcho responde: “O último nunca se toma!”. Porque este, só o destino pode nos oferecer. MATE DO JOÃO CARDOSO – é o mate que nunca chega, fica só na promessa. Segundo contam, era um sujeito que gostava muito de prosear e com promessa de que já vinha o mate, ia fazendo com que as pessoas ficassem presas a sua curiosidade. João Simões Lopes Neto, em sua obra Contos Gauchescos, desenvolve o tema, que tem por título O Mate do João Cardoso.    

Fechar ou cevar o mate: Colocar uma cevadura de erva-mate na cuia equivalente a 2/3 de sua capacidade. Acomodar a erva sobre um lado da cuia, colocando, para tanto, uma das mãos sobre a boca do porongo; fazer com que a cevadura encoste sobre um lado desejado, deixando um espaço vazio que venha desde o fundo. Ajeitar com calma para que assim permaneça. Colocar água morna ou fria , nunca chiando, pois queimaria a erva, dando-lhe um gosto amargo. O topete não deve ser molhado. Deixar por instantes a cuia recostada até inchar a erva. Tapando o bocal da bomba com o dedo polegar, introduzi-lo bem no fundo, sobre um costado da erva. Este primeiro mate é chamado de mate do zonzo, veneno do mate ou mate cuspido. Em geral, o mateador sorve esta primeira infusão cuspindo fora, até roncar a cuia. VIRAR O MATE: consiste em trocar o lado que a erva está colocada na cuia cuidando para não desmanchar o topete, e assim ter um novo mate sem ser necessário trocar a erva. ENCILHAR O MATE: é quando o mate está lavado, e na falta de mais cevadura, se aproveita a erva ainda seca do topete. Tira-se a parte mais esgotada, ao fundo, e derruba-se parte do topete com erva nova.

Bomba do mate: A bomba do mate é formada por um canudo metálico, de 20 a 25 cm de comprimento e 5 a 8 milímetros de diâmetro. Os materiais mais encontrados na confecção de bombas são o latão, a alpaca e a prata. O ouro entra apenas nos detalhes, ponteira e resfriador. Partes da bomba: Haste, Ponteira e Coador. Nomenclatura da bomba – Bico: biqueira, bocal, chupeta, boquilha, ponteira. Anel: resfriador, pitanga, botão de rosa, passador. Haste: corpo da bomba, canudo. Coador: ralo, patilha, colher, bojo, coco, apartador. TACUAPI, A BOMBA PRIMITIVA: primitivamente, os índios da nação guarani, que foram os iniciadores do uso da erva-mate, criaram a bomba de taquara, por eles chamada tacuapi: vocábulo guarani, tacuá (cana oca), api (alisada).    

O porongueiro: Pertence à família das cucurbitáceas (Lagenaria vulgaris). Lagenaria, origem latina (lagena: recipiente, copo). É uma trepadeira com folhas largas, espalmadas, simples, palminervas e enredadeiras. Planta de clima tropical, seu plantio é no início de setembro, encontrando-se várias espécies na América do Sul. Seu fruto é o porongo, que depois de maduro se torna lenhoso e oco, com sementes soltas em seu interior. Em guarani a cuia é chamada de caiguá: caa (erva), í (água) e guá (recipiente). Literalmente, recipiente para a água da erva-mate.    

Porta-cuia: TRIPÉ – é um apoio formado por três hastes presas entre si por uma cinta, que possibilita à cuia descanso sobre uma circunferência amparada pelas hastes. TAQUAREMBÓ ou taquaçuru – corta-se, entre dois nós de taquara um trecho de quatro ou cinco dedos, que fica como um bracelete, e está pronto o porta-cuia. DE COURO – corta-se uma tira de sola de quatro dedos, costura-se um tento de tamanho que a circunferência formada seja um pouco menor que a parte mais cheia da cuia. CANECA – a caneca é um porta-cuia improvisado que também pode desempenhar esta função. CASAMENTO PERFEITO – recostar o porongo entre o bico e o corpo da chaleira. Esta cena é comum na imagem efetiva dos fogões. ACOMODADA NA CAMBONA – esta é outra forma comum de se encontrar o porongo, apoiado dentro da ambonam no fogo de chão ou nas cozinhas campeiras.

Recipiente para a água: CALDEIRA – suas características são semelhantes ao jarro, porém, mais bojuda, não possui tampa nem bico tobular. Sua principal função era a de aquecer grande quantidade de água, para diversas finalidades. CHALEIRA GRANDE – seu uso é semelhante ao da caldeira, pois se torna incômodo seu manejo, devido ao tamanho. CHALEIRA MÉDIA – também chamada de pava, do tupi-guarani: peua, peva (chato, achatado). É a mais usada, por seu tamanho. CHALEIRA PRETA DE FERRO – é o tipo mais comum. Com o uso, chega a criar um casca de picumã. Não deve ser removida esta crosta, pois furaria com facilidade.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Estuda, tchê: Medicina Caseira - Chás

ABACATEIRO: fígado e rins, poderoso diurético (a folha)
AÇOITA-CAVALO: reumatismo, corrimentos, hemorragias, tumores, grande depurativo do sangue (a casca)
AROEIRA: reumatismo, febres, sífilis, diarreias e hemóptises (a casca)
ARNICA-DO-MATO: anti-reumático, antigotoso. Em quedas, preparar uma infusão com as folhas, beber e friccionar o local afetado (a folha)
BOLDO: as moléstias hepáticas (fígado em geral), prisão de ventre; facilita a eliminação da ureia e promove a digestão (a folha)
BAICURU: depurativo, diurético, usado nos casos de reumatismos, poderoso tônico uterino (a folha e a raiz)
CAMBARÁ: expectorante nas tosses, balsânico, usado em qualquer problema das vias respiratórias (a folha)
CAMOMILA: estômago, cólicas intestinais, usada até para lactentes (a flor e a folha)
CANCEROSA: úlcera gástrica, asia, males do aparelho digestivo (a folha)
CARAGUATÁ: catarros, afecções pulmonares, tosse (a folha)
CARNICEIRA: nos casos de indigestão, dores no estômago após as refeições, aparelho digestivo em geral (a folha)
CARRAPICHO-DE-CARNEIRO: grande diurético das moléstias renais, elimina a uréia (a folha)
CARRAPICHO-RASTEIRO: descongestionante das vias urinárias (a folha)
CARQUEJINHA -DO-CAMPO: nas febres, nos casos de má digestão, nas enterites e diarréias (a folha)
CAPIM-CIDRÓ: calmante do sistema nervoso, com propriedades edênticas às da erva cidreira (a folha)
CIDROZINHO-CHEIROSO: calmante do sistema nervoso, antiespasmódico (o ramo)
CIPÓ-CABELUDO: diurético poderoso no combate da albumina (a folha e o cipó)
CIPÓ-MIL-HOMENS: convulsões histéricas, sustenção de regras, neurastenia, dormências (a folha e o cipó)
CONTRA-ERVA: antídoto do veneno de cobra, tônico antifebril (a folha)
CORTICEIRA: tônico do estômago, diurético, laxante, serve para o sistema nervoso (a folha)
CURATOMBO: traumatismos, quedas, dores nas cadeiras, reumatismos; seu uso pe interno e externo (a folha)
ERVA-CIDREIRA: calmante estomáquico e refrescante (a folha)
ERVA-DE-BICHO: específico das hemorroidas, varises; combate o nervosismo e a histeria. Não deve ser usada por gestantes (a folha)
ERVA-DE-PASSARINHO: tônico pulmonar de grande ação descongestionante, indicado em todas as afecções do aparelho respiratório (a folha)
ERVA-POMBINHA: areia e pedra nos rins, moléstias da bexiga, uretra e diurético suave (a folha)
ERVA-TOSTÃO: fígado e rins em geral (a folha)
ERVA-SAGRADA: tônico pulmonar, nas tosses rebeldes e na fraqueza pulmonar (a folha)
ERVA-SANTA: tônico estomacal, dores do estômago, dispepsia, má digestão e falta de apetite (a folha)
ERVA-MOURA: sedativo e narcótico (a folha)
FEL-DA-TERRA: fortificante do estômago e abre o apetite (a folha e a raiz)
FUNCHO: cólicas intestinais e flatulências (o ramo)
GERVÃO: afecções crônicas do fígado, gripes e resfriados (a folha)
GUACO: usado nas tosses e bronquites, bom depurativo do sangue (a folha)
HORTELÃ: nos casos de má digestão, cólicas intestinais, flatulência e vermes (a folha)
JURUREBA: em todos os males hepáticos, nas doenças do baço e nas febres biliosas (a folha e a flor)
LOSNA: poderoso estomacal
MALVA: anti-infeccioso, descongestionante, uso interno e externo (a folha)
MAMICA-DE-CADELA: poderoso cicatrizante nas úlceras gástricas (a casca)
MACELA: estomacal, diurético, nas cólicas intestinais e na má digestão (a folha e a flor)
NÓ-DE-CACHORRO: depurativo usado com eficiência como afrodisíaco no tratamento da impotência sexual (a raiz)
PATA-DE-VACA: diurético com ação nos casos de diabete (a folha)
PAU-FERRO: antidiabético, anti-reumático e nos casos de sífilis (a casca)
PENDÃO-DE-MILHO: diurético nos casos de retenção de urina (o pendão)
PITANGUEIRA: nas diarreias, cólicas e desarranjos intestinais; tem o mesmo efeito da casca de romã (a folha)
POEJO: nas tosses e cólicas estomacais (a folha)
QUEBRA-PEDRA: combate às areias e aos cálculos renais, com algum efeito diurético (toda a planta)
SABUGUEIRO: poderoso transpirador nos casos de gripe, muito usado no sarampo. Deve ser tomado sempre quente (toda a planta)
SALSA-PARRILHA: depurativo e tônico do sangue, empregado nos casos de má circulação; grande diurético (a raiz)
URTIGA: urticária, contra hemorragia, alergias, nos casos de intoxicação (toda a planta).

Fonte: Cevando Mate - Glênio Fagundes

Quarenta e Nove dias pro Estadual *---*
Bom findi galerinha.
Até semana que vem!

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Estuda, tchê: Geografia do RS

Vaaamos estudar gauchada!
Os concursos de Prendas e Peões em suas fases Regionais e Estaduais estão chegando *-*
Aos poucos vou postando alguns materiais por aqui... uns mais básicos, outros mais complexos.
Hoje algo bem simples sobre a geografia, algo essencial para qualquer início de estudo, seja ele pra concurso de Entidade, Região ou Estado.

Localização
Localiza-se na porção meridional, no extremo sul do Brasil, na chamada zona temperada do Sul, que é a enorme faixa da superfície terrestre compreendida entre o trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico.

Limites
O Rio Grande do Sul possui os seguintes limites:
ao norte e a nordeste: estado de Santa Catarina;
ao sul e sudoeste: República do Uruguai;
a leste: oceano Atlântico;
a oeste e a noroeste: República da Argentina.

Ao todo, o estado tem 3.307 km de limites, distribuídos da seguinte maneira:
1.003 km com a República do Uruguai;
724 km com a República da Argentina;
958 km com o estado de Santa Catarina;
622 km com o oceano Atlântico.

A maior parte dos limites do estado é formada por acidentes naturais. Por exemplo, o rio Uruguai é o limite entre o Rio Grande do Sul e a República da Argentina; o rio Quaraí (afluente do rio Uruguai) e o rio Jaguarão (que corre para a lagoa Mirim) separam terras rio-grandenses do território uruguaio. Mas uma pequena parte dos limites com a República do Uruguai, no sul do estado, é do tipo artificial ou convencionado, ou seja, foi demarcada através de um acerto entre o Brasil e o país vizinho.

Pontos Extremos
norte: uma das curvas do rio Uruguai, a 27°04'49” de latitude sul;
sul: uma curva do Arroio Chuí, chamada de Volta da Baleia, a 33°44'42” de latitude sul, que também é o ponto extremo sul do Brasil;
leste: barra do rio Mampituba, a 49°42'22” de longitude oeste (isto é, a oeste do meridiano de Greenwich);
oeste: barra do rio Quaraí, afluente do rio Uruguai, a 57°38'34” de longitude oeste.

Portanto, o Rio Grande do Sul está localizado em uma latitude média de 30° sul. Isso significa que está mais perto da linha do Equador (0° de latitude) que do polo Sul (90° de latitude sul). Desse momento, o território rio-grandense tem uma posição subtropical, ou seja, abaixo e próxima do trópico de Capricórnio.

Fonte: O Espaço rio-grandense, de Igor Moreira.

Um forte quebra-costelas a todos.
E a contagem regressiva esta aí: CINQUENTA E UM DIAS para a 40ª Ciranda Cultural de Prendas Estadual!

terça-feira, 6 de abril de 2010

Estuda, tchê: Brinquedos / Brincadeiras

Boneca: é seguramente o mais antigo objeto de brinquedo que a humanidade conheceu. Provavelmente na pré-história eram feitas de materiais perecíveis como barro ou madeira, sendo que mais tarde, com o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho surgiram os de pedra e osso. Por volta de 1820 eram fabricadas com cabeças de porcelana vitrificada em Dresden e em biscuit opaco na França. No século XIX novas modificações foram introduzidas: olhos móveis, dispositivos para choro e vozes, livros com bonecas e roupas de papel para serem recortadas. No Brasil colonial surgiram mais ou menos em 1806, com a transferência da família real, mas ficaram restritas à corte. Somente no século XX alcançaram os lares da classe média, mas quase sempre importadas. Depois de 1945 começaram a ser fabricadas em série e a partir de 1950 são copiados os modelos americanos, bonecas altas, loiras e de olhos azuis.


Bruxinha: Bruxa, ou bruxa de pano é o nome da boneca de trapos, boneca de pano, possivelmente em todo o território nacional. As bonecas de pano resistem ao longo dos séculos, atravessando fronteiras de povos distintos, conseguindo sobreviver em algumas residências pelos poucos artesãos que ainda restam neste espaço brasileiro. Pertencem ao teatro infantil espontâneo das crianças do presente e pertencem às crianças do futuro. Na confecção das bruxas a artesã usa pano, retalhos, linha, algodão, lã em pasta para enchimento e em fio para cabelos, que pode ser também de pelego ou corda.


Papagaio – Pandorga – Pipa: Sua origem oriental é muito remota. Segundo historiadores idôneos, o general chinês Han-Sin no ano 196 a.C a utilizava para enviar notícias a uma aldeia sitiada. Em 1752 foi instrumento de experiências científicas nas mãos de Benjamin Franklin. Posteriormente teve os mais diversos usos, tais como transmissor de sinais e “biruta”, para ver a direção do vento. Hélio Moro Mariante, folclorista e pesquisador, informa que o ocidente só conheceu a pandorga a partir do século XIV. Os primeiros mercadores portugueses, ingleses e holandeses é que teriam trazido para a Europa. É explicada por Câmara Cascudo como “brinquedo feito com cruzeta de cana ou madeira leve, coberta de papel de cor. Dirigem-se com três cordéis de armação. Na parte inferior pende uma cauda comprida, de pano. Existem em diversos formatos, cada um com denominação específica: churrasco, barrilete, arco, estrela, caixão, bidê, bandeja e outros.



Bolinhas de vidro – Gude – Inhaque: Surgem geralmente depois das chuvas, quando os campinhos estão molhados e a meninada tem que brincar perto de casa. Diversas modalidades de jogo são praticadas, entre elas o Boco ou Imba, o Triângulo, a Circunferência, etc, que podem ser “as vera” ou “as brinca”. “As vera” quando o jogador perde também suas bolitas, e “as brinca”, quando perde só o jogo, neste caso feito apenas por distração. Como na maioria das brincadeiras infantis, o jogo de bolita possui uma linguagem própria, chamam de “bochão” a bola maior que as outras, “aça”, as esferinhas de metal; “nicada” é a bolinha lascada, e “Nica” a favorita para o jogo; “rabar” é errar, e “casar” é colocar bolinhas em jogo.


Pião: Câmara Cascudo descreve como: “Pião, brinquedo de madeira piriforme, com ponta de ferro, por onde gira pelo impulso do cordão enrolado na outra extremidade puxado com violência e destreza...”.É lançado com o cordão na Europa, , Asia Oriental e Indonésia. Na América tem origem europeia, bem como a piorra, que é jogada em “fieira”, apenas com o impulso dos dedos polegar e indicador. É brincadeira que aparece em alguns meses do ano para logo após desaparecer.


Bola: As bolas são popularíssimas e existiam em todas as civilizações antigas. Feitas de couro, de madeira, de vegetais ou de borracha, são atiradas a mão nua e aparadas quando de retorno, perdendo quem as deixa cair. Jogam-na também contra o solo, repelindo-a, quando ressalta. É universal e conhecida mesmo entre os agrupamentos mais primitivos não só como objeto de lazer, mas com significação religiosa, já que alguns destes povos acreditavam que ao chutar uma bola, chutavam para longe os maus espíritos. O jogo era também executado como forma de oferenda aos deuses em ocasiões de aflição, como no caso de doenças no grupo familiar. Na campanha ainda é usada uma “bola” feita de bexiga de porco inflada e entre crianças de famílias de pouco poder aquisitivo a bola de meia supre a falta do objeto adquirido em casas especializadas. É a forma de lazer mais comum entre os meninos de todas as idades e condições sócio-econômicas.

Peteca: Segundo Alceu Maynard de Araújo, “é um jogo de origem indígena. Uma bola fita de palha de milho, tendo em um lado penas de galinha enfiadas para ao cair, a parte pesada ficar para baixo e as penas para cima. A época desse jogo obedece em parte as estações, é o jogo estacional da época do inverno, que por outro lado coincide com a colheita do milho e festas juninas”.


Perna de pau: Também chamada de “andas” é constituída por dois sarrafos com até três metros de comprimento. Em cada sarrafo, a uma certa altura do chão, há um apoio para os pés. A criança sobe nesse apoio e mantém as traves presas sob os braços, podendo assim mover as pernas à vontade.


Cama de gato: Brincadeira infantil com um barbante a que se atam as duas pontas e que forma uma espécie de rede em que outra criança deve tirar passando para suas próprias mãos, formando rede diferente da anterior. É brincadeira universal sendo conhecida desde os tempos mais remotos em todos os continentes. Os povos mais primitivos usavam uma tira de fibra vegetal ou de couro e com habilidade criavam figuras representativas de seu dia-a-dia. Esta brincadeira é conhecida e apreciada pelos descendentes dos índios Navajos do Arizona (Estados Unidos), onde é conhecido como “Cat's Cradle”.

Bilboquê: Brinquedo torneado de madeira, de origem francesa. Existem várias formas: de sino, de bola e de barrica. Dão amarrados por um cordão a um bastonete pontudo na parte superior. O jogo consiste em impulsionar o bilboquê para cima, através do bastonete, virando-o com a base para baixo e ao cair, encaixá-lo na parte pontuda da mesma.


Jogo das pedrinhas ou Cinco marias: Joga-se com cinco ou mais pedrinhas. Atira-se uma pedrinha para o ar e enquanto esta sobe e desce, apanham-se as outras, que estão repousando e se juntam todas na mão atirando-se sucessivamente duas, três, quatro ao ar, apanhando-se as que restam. Perde quem não conseguir reunir as pedrinhas. As combinações são variadas. Em Portugal este jogo chama-se Bato. É o secular jogo de ossinhos, osseletes, astragalismo, popularíssimo na Grécia e em Roma... Os legionários romanos levaram o jogo dos ossinhos por todos os recantos do império. Aqui o conhecemos como cinco marias, e aparece em pedrinhas ou em saquinhos de tecido com enchimento de areia ou grãos de qualquer cereal. O desenvolvimento do jogo é muito semelhante ao descrito acima, mas aqui joga-se somente com cinco pedrinhas, não mais.


Fonte: Brincadeiras Infantis, de Paula Simon Ribeiro e Rogério Fossari Sanchotene