terça-feira, 6 de abril de 2010

Estuda, tchê: Brinquedos / Brincadeiras

Boneca: é seguramente o mais antigo objeto de brinquedo que a humanidade conheceu. Provavelmente na pré-história eram feitas de materiais perecíveis como barro ou madeira, sendo que mais tarde, com o aperfeiçoamento dos instrumentos de trabalho surgiram os de pedra e osso. Por volta de 1820 eram fabricadas com cabeças de porcelana vitrificada em Dresden e em biscuit opaco na França. No século XIX novas modificações foram introduzidas: olhos móveis, dispositivos para choro e vozes, livros com bonecas e roupas de papel para serem recortadas. No Brasil colonial surgiram mais ou menos em 1806, com a transferência da família real, mas ficaram restritas à corte. Somente no século XX alcançaram os lares da classe média, mas quase sempre importadas. Depois de 1945 começaram a ser fabricadas em série e a partir de 1950 são copiados os modelos americanos, bonecas altas, loiras e de olhos azuis.


Bruxinha: Bruxa, ou bruxa de pano é o nome da boneca de trapos, boneca de pano, possivelmente em todo o território nacional. As bonecas de pano resistem ao longo dos séculos, atravessando fronteiras de povos distintos, conseguindo sobreviver em algumas residências pelos poucos artesãos que ainda restam neste espaço brasileiro. Pertencem ao teatro infantil espontâneo das crianças do presente e pertencem às crianças do futuro. Na confecção das bruxas a artesã usa pano, retalhos, linha, algodão, lã em pasta para enchimento e em fio para cabelos, que pode ser também de pelego ou corda.


Papagaio – Pandorga – Pipa: Sua origem oriental é muito remota. Segundo historiadores idôneos, o general chinês Han-Sin no ano 196 a.C a utilizava para enviar notícias a uma aldeia sitiada. Em 1752 foi instrumento de experiências científicas nas mãos de Benjamin Franklin. Posteriormente teve os mais diversos usos, tais como transmissor de sinais e “biruta”, para ver a direção do vento. Hélio Moro Mariante, folclorista e pesquisador, informa que o ocidente só conheceu a pandorga a partir do século XIV. Os primeiros mercadores portugueses, ingleses e holandeses é que teriam trazido para a Europa. É explicada por Câmara Cascudo como “brinquedo feito com cruzeta de cana ou madeira leve, coberta de papel de cor. Dirigem-se com três cordéis de armação. Na parte inferior pende uma cauda comprida, de pano. Existem em diversos formatos, cada um com denominação específica: churrasco, barrilete, arco, estrela, caixão, bidê, bandeja e outros.



Bolinhas de vidro – Gude – Inhaque: Surgem geralmente depois das chuvas, quando os campinhos estão molhados e a meninada tem que brincar perto de casa. Diversas modalidades de jogo são praticadas, entre elas o Boco ou Imba, o Triângulo, a Circunferência, etc, que podem ser “as vera” ou “as brinca”. “As vera” quando o jogador perde também suas bolitas, e “as brinca”, quando perde só o jogo, neste caso feito apenas por distração. Como na maioria das brincadeiras infantis, o jogo de bolita possui uma linguagem própria, chamam de “bochão” a bola maior que as outras, “aça”, as esferinhas de metal; “nicada” é a bolinha lascada, e “Nica” a favorita para o jogo; “rabar” é errar, e “casar” é colocar bolinhas em jogo.


Pião: Câmara Cascudo descreve como: “Pião, brinquedo de madeira piriforme, com ponta de ferro, por onde gira pelo impulso do cordão enrolado na outra extremidade puxado com violência e destreza...”.É lançado com o cordão na Europa, , Asia Oriental e Indonésia. Na América tem origem europeia, bem como a piorra, que é jogada em “fieira”, apenas com o impulso dos dedos polegar e indicador. É brincadeira que aparece em alguns meses do ano para logo após desaparecer.


Bola: As bolas são popularíssimas e existiam em todas as civilizações antigas. Feitas de couro, de madeira, de vegetais ou de borracha, são atiradas a mão nua e aparadas quando de retorno, perdendo quem as deixa cair. Jogam-na também contra o solo, repelindo-a, quando ressalta. É universal e conhecida mesmo entre os agrupamentos mais primitivos não só como objeto de lazer, mas com significação religiosa, já que alguns destes povos acreditavam que ao chutar uma bola, chutavam para longe os maus espíritos. O jogo era também executado como forma de oferenda aos deuses em ocasiões de aflição, como no caso de doenças no grupo familiar. Na campanha ainda é usada uma “bola” feita de bexiga de porco inflada e entre crianças de famílias de pouco poder aquisitivo a bola de meia supre a falta do objeto adquirido em casas especializadas. É a forma de lazer mais comum entre os meninos de todas as idades e condições sócio-econômicas.

Peteca: Segundo Alceu Maynard de Araújo, “é um jogo de origem indígena. Uma bola fita de palha de milho, tendo em um lado penas de galinha enfiadas para ao cair, a parte pesada ficar para baixo e as penas para cima. A época desse jogo obedece em parte as estações, é o jogo estacional da época do inverno, que por outro lado coincide com a colheita do milho e festas juninas”.


Perna de pau: Também chamada de “andas” é constituída por dois sarrafos com até três metros de comprimento. Em cada sarrafo, a uma certa altura do chão, há um apoio para os pés. A criança sobe nesse apoio e mantém as traves presas sob os braços, podendo assim mover as pernas à vontade.


Cama de gato: Brincadeira infantil com um barbante a que se atam as duas pontas e que forma uma espécie de rede em que outra criança deve tirar passando para suas próprias mãos, formando rede diferente da anterior. É brincadeira universal sendo conhecida desde os tempos mais remotos em todos os continentes. Os povos mais primitivos usavam uma tira de fibra vegetal ou de couro e com habilidade criavam figuras representativas de seu dia-a-dia. Esta brincadeira é conhecida e apreciada pelos descendentes dos índios Navajos do Arizona (Estados Unidos), onde é conhecido como “Cat's Cradle”.

Bilboquê: Brinquedo torneado de madeira, de origem francesa. Existem várias formas: de sino, de bola e de barrica. Dão amarrados por um cordão a um bastonete pontudo na parte superior. O jogo consiste em impulsionar o bilboquê para cima, através do bastonete, virando-o com a base para baixo e ao cair, encaixá-lo na parte pontuda da mesma.


Jogo das pedrinhas ou Cinco marias: Joga-se com cinco ou mais pedrinhas. Atira-se uma pedrinha para o ar e enquanto esta sobe e desce, apanham-se as outras, que estão repousando e se juntam todas na mão atirando-se sucessivamente duas, três, quatro ao ar, apanhando-se as que restam. Perde quem não conseguir reunir as pedrinhas. As combinações são variadas. Em Portugal este jogo chama-se Bato. É o secular jogo de ossinhos, osseletes, astragalismo, popularíssimo na Grécia e em Roma... Os legionários romanos levaram o jogo dos ossinhos por todos os recantos do império. Aqui o conhecemos como cinco marias, e aparece em pedrinhas ou em saquinhos de tecido com enchimento de areia ou grãos de qualquer cereal. O desenvolvimento do jogo é muito semelhante ao descrito acima, mas aqui joga-se somente com cinco pedrinhas, não mais.


Fonte: Brincadeiras Infantis, de Paula Simon Ribeiro e Rogério Fossari Sanchotene

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