segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Antônio Augusto Fagundes

Antonio Augusto ("Nico") Fagundes nasceu em 4 de novembro de 1934, no Inhanduí, interior do município do Alegrete-RS, - local de tradicionais famílias campeiras da fronteira - filho de Euclides Fagundes e Florentina (Mocita) da Silva Fagundes.

Foi escoteiro e fundador, sub-chefe e chefe da Tropa "Anhangüera". Na época de estudante destacou-se como poeta e declamador.

Iniciou a carreira jornalística em 1950, aos 16 anos, no jornal Gazeta de Alegrete, o mais antigo do Rio Grande do Sul, nas funções de cronista e repórter. No mesmo período começou a atuar na Rádio ZYE9 - Rádio Alegrete, apresentando programas humorísticos e gauchescos.
Foi secretário dos Cadernos do Extremo Sul, publicações que sob a direção de Helio Ricciardi, lançou diversos poetas da cidade de Alegrete.

Em 1954, mudou-se para Porto Alegre e é como poeta que é apresentado ao 35 CTG - Centro de Tradições Gaúchas, por intermédio do poeta Lauro Rodrigues. E nunca deixou de fazer verso.

Tornou-se amigo e companheiro de Waldomiro Souza, Horácio Paz, João Palma da Silva, Amandio Bicca, Niterói Ribeiro, Luiz Menezes, José Hilário Retamozo, Hugo Ramirez, João da Cunha Vargas, ou seja, a fina flor da poesia gauchesca da época, que frequentava o rodeio do 35 CTG, às quartas de noite e aos sábados de tarde, na Av. Borges de Medeiros, no quinto andar da FARSUL.

Conhece, então, e torna-se amigo de Jayme Caetano Braun, cujo ingresso no 35 CTG vai amadrinhar.
No mesmo ano, tornou-se redator do Jornal A Hora, no qual atuou durante muitos anos com a página Regionalismo e Tradição.

O encontro de Antonio Augusto Fagundes, por esta época, com Glaucus Saraiva foi histórico: vinham de uma briga pelos jornais, mas quando se encontraram, foi amor à primeira vista, uma amizade tão forte que nem a morte de Glaucus conseguiu interromper.

Pelas páginas do jornal A Hora, lançou Jayme Caetano Braun e dois moços que estavam aparecendo com muita força: Aparício Silva Rillo e José Hilário Retamozo. O prestígio que emprestava à obra de outros poetas não fez com que descurasse de sua própria poesia.

Ganhou prêmios e concursos em Vacaria, Alegrete e em Porto Alegre.
Em 1955, passou a fazer parte do Instituto de Tradições e Folclore da Divisão de Cultura do Estado. Durante oito anos fez formação em folclorismo, especializando-se em Cultura Afro-gaúcha. Tornou-se professor de danças folclóricas e literatura gauchesca no Instituto de Tradições e Folclore. Viajou para a Europa como sapateador do Grupo Gaudérios, morando em Paris por quatro meses.
Iniciou pesquisas de indumentária gaúcha, tornando-se a maior autoridade sobre o assunto no Rio Grande do Sul.

Foi contratado pela TV Piratini para atuar como ator.
Foi um dos fundadores do Conjunto de Folclore Internacional, batizado de Os Gaúchos, e do qual foi diretor durante 15 anos.

Fundou, no Instituto de Tradições e Folclore, a Escola Gaúcha de Folclore, de nível superior, que funcionou durante seis anos. Atuou como titular nas cadeiras de danças folclóricas e indumentária gaúcha. Foi diretor da escola durante seis anos.

No início da década de 1960, conquistou o primeiro lugar em concurso literário promovido pelo Instituto Estadual do Livro, com a obra Destino de Tal. Pouco depois passou a trabalhar na TV Tupi.
Em 1960, ingressou na Faculdade de Direito de Porto Alegre. No mesmo ano, casou-se com Marlene Nahas.

Formado em Direito, pós-graduado em História do Rio Grande do Sul e Mestre em Antropologia Social, todos os seus cursos foram realizados na Universidade Federal do RGS (UFRGS).
Por todas essas suas qualificações, Antonio Augusto Fagundes é respeitado como autoridade em Folclore gaúcho, História do Rio Grande do Sul, Antropologia, Religiões afro-gaúchas, Indumentária gauchesca, Cozinha gauchesca e danças folclóricas.

Além disso, sempre deu a devida importância à dupla ligação da cultura gaúcha, com o outro Brasil e com os países do Prata. Tornou-se, assim, com o tempo e apoiado em uma biblioteca preciosa, um estudioso sério, respeitado e aclamado no Rio Grande do Sul, no Uruguai e na Argentina, conferencista bilíngüe e autor de inúmeras obras de consulta obrigatória.

Entretanto, a face menos conhecida deste intelectual brilhante, é também sua face mais antiga, a de poeta.

Ganhou prêmios e distinções importantes, como a Medalha do Pacificador, do Exército Brasileiro, a Comenda Osvaldo Vergara, da Ordem dos Advogados do Brasil, da qual é também advogado jubilado, e a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha (esta última, em 24-10-08, da Prefeitura de Alegrete).

Premiado incontáveis vezes como poeta, novelista, compositor, autor e ator de teatro, TV e cinema.
Escreveu o roteiro do filme "Para Pedro". Atuou como ator, assistente de direção e consultor de costumes do filme "Ana Terra".

Escreveu o roteiro, dirigiu e trabalhou como ator no filme "Negrinho do Pastoreio", com Grande Otelo. Atuou ainda como ator no filme "O Grande Rodeio", o qual também produziu e dirigiu.
Em 1976, ingressou na Fundação Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore.

Desde 1982 apresenta pela RBS TV (afiliada da TV Globo) o programa Galpão Crioulo, o que já lha rendeu três prêmios internacionais: em Buenos Aires, em Nova York e na Cidade do México.
Em 1984, passou a apresentar o mesmo programa na Rádio Gaúcha.

No mesmo ano voltou a atuar no jornalismo, escrevendo no jornal Zero Hora - uma coluna semanal que mantém até hoje.

Em 1998, comandou em Paris, a apresentação do Grupo "Os Gaúchos".
No mesmo ano escreveu a peça teatral A Proclamação da República Rio-grandense".

Ao longo de sua carreira recebeu diversos prêmios, entre os quais, Prêmio Copa Festivales de España, Medalha de Bronze da Televisão Mundial pelo programa "Galpão Crioulo" e o Troféu Guri da Rádio Gaúcha. Recebeu inúmeros prêmios em poesia, canções gauchescas, declamações, danças folclóricas e teses. É autor de mais de 100 músicas, entre as quais, "O canto Alegretense".

"O Canto Alegretense", música em que os versos são de sua autoria, é mais cantado que o próprio Hino de Alegrete.
Publicou seu primeiro livro de versos "Com a Lua na Garupa" e depois o segundo "Ainda com a Lua na Garupa".

O terceiro tem o nome de "Canto Alegretense", nome tirado da canção famosa cujos versos escreveu. Aliás, neste livro aparecem muitas letras das suas canções mais famosas dentre as 370 gravadas e regravadas por vários intérpretes e parceiros.

Da fina flor da poesia gauchesca, da época de ouro, de poesia crioula só Antonio Augusto Fagundes continua em atividade, mantendo acesa a chama.

O velho poeta de hoje, de sempre, continua o mesmo guri que ficava horas com um caniço nas mãos, esquecido dos peixes, apenas bebendo a imensa poesia das mansas águas do Rio Ibirapuitã.

OS FAGUNDES
Em 24 de outubro/2008, os autores da música Canto Alegretense, Antônio Augusto (Nico) e Euclides Fagundes Filho (Bagre) receberam a Comenda do Mérito Oswaldo Aranha em reconhecimento ao seu destacado trabalho no cenário musical estadual, nacional e até fora do país.

A Comenda Oswaldo Aranha é outorgada pelo município de dois em dois anos, a no máximo cinco cidadãos que, através de seu trabalho artístico, cultural ou intelectual, levam o nome do Alegrete além dos seus limites geográficos.

A música CANTO ALEGRETENSE tornou-se um verdadeiro hino em todo o Rio Grande do Sul e foi considerada, através de decreto da Prefeitura Municipal do Alegrete (jan/2009), com valor de excepcional relevância artística, o que levou o Prefeito a efetuar o tombamento provisório da mesma, junto com outros bens e monumentos do município de Alegrete.

Na estrada próxima à cidade de Alegrete-RS (BR-290), foram instaladas várias placas (outdoors) com todos os versos do Canto Alegretense.

CANTO ALEGRETENSE
(Letra de Antônio Augusto Fagundes e música de Euclides Fagundes)

Não me perguntes onde fica o Alegrete
Segue o rumo do teu próprio coração
Cruzarás pela estrada algum ginete
E ouvirás toque de gaita e de violão.

Pra quem chega de Rosário ao fim da tarde
ou quem vem de Uruguaiana de manhã,
tem o sol como uma brasa que ainda arde
Mergulhado no rio Ibirapuitã.

Estribilho:
Ouve o canto gauchesco e brasileiro,
Desta terra que eu amei desde guri;
Flor de tuna, camoatim de mel campeiro,
Pedra moura das quebradas do Inhanduí.

E na hora derradeira que eu mereça,
Ver o sol alegretense entardecer,
Como os potros vou virar minha cabeça,
Para os pagos no momento de morrer.

E nos olhos vou levar o encantamento,
desta terra que eu amei com devoção.
Cada verso que eu componho é o pagamento,
De uma dívida de amor e gratidão.


Fonte: Site Assis Brasil

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