quarta-feira, 11 de maio de 2011

Estuda, tchê: Revolução Farroupilha

Com a abdicação de D. Pedro I o país entrou numa fase agitada, cujo ideal federativo parecia estar definitivamente firmado. Diversas causas contribuíram para essa reação, que levaria à Revolução Farroupilha.
Influências externas: as idéias liberais agitavam o mundo desde a segunda metade do século XVIII.

Causas políticas: o Rio Grande do Sul viveu intensamente rixas violentas entre as correntes partidárias.
Causas econômicas: a economia rio-grandense passava por uma crise sobrecarregada de pesados impostos, atingindo especialmente o charque.
Causas administrativas: não se realizava nenhuma obra de utilidade pública; as estradas abandonadas; as pontes caídas; a educação esquecida.
Causas militares: o constante recrutamento de homens para as fileiras do exército, não se oportunizando aos rio-grandenses cursos de aperfeiçoamento, atingia os brios dos gaúchos. Os quartéis estavam caindo. Os danos da guerra jamais tiveram indenização, eram agravados por retiradas de quantias das tropas em favor de outras províncias.

A Maçonaria e o Clero: a Maçonaria espalhava os ideais da Revolução Francesa, dela fazendo parte de grande número dos futuros chefes farroupilhas. O clero participou ativamente do movimento, cinco deles fazendo parte da Assembléia Constituinte Farroupilha e entre tantos, destaca-se: Padre Francisco dos Chagas Martins Ávila e Souza, o Vigário apostólico Feliciano Rodrigues Prastes, etc;
Em 1834, o Dr. Antonio Rodrigues Fernandes Braga substituía José Mariani, com o apoio dos liberais liderados por Bento Gonçalves da Silva, pois então Presidente da província caiu no desagrado dos liberais que conseguiram sua substituição.
Mas surgiram desavenças entre os Liberais e o irmão de Fernandes Braga, colocando o governo, em choque com seus partidários. Fernandes Braga acusa Bento Gonçalves, Bento Manuel de Lima e Silva, de conspiração com o auxílio de Lavalleja (uruguaio). A 20 de abril de 1935, Fernandes Braga acusou ainda, os chefes liberais de separatistas. As sessões da Assembléia tornaram-se agitadas e ameaçadoras. Ainda mais quando o presidente confessou que não tinha provas concretas para as acusações. Nada mais deteria a revolução que visava, inicialmente, a deposição de Fernandes Braga.
Na tarde de 19 de setembro de 1935, estourava a revolução, concentrando os revoltosos ao comando de Vasconcelos Jardim e Onofre Pires, na Azenha, arredores sul da Capital. Subestimado as tropas revoltosas, o governo mandou o Major Visconde de Camanu com pequena tropa, rechaçado pela vanguarda Farroupilha à frente o Capitão Manuel Vieira da Rocha (Cabo Rocha). Braga fugiu precipitamente para o Rio Grande enquanto os farroupilhas tomavam Porto Alegre, comandados por Bento Gonçalves, vindo de Pedras Brancas (Guaíba). É empossado no cargo de Presidente da Província o Dr. Marciano Pereira Ribeiro e para comandante das armas Bento Manuel Ribeiro.
Bento Gonçalves informa ao Ministro da Justiça, os fatos ocorridos na Província. A Corte nomeia o Dr. Araújo Ribeiro como Presidente, recebido festivamente pelos revolucionários. Devido às atitudes dúbias Araújo Ribeiro perdeu o Crédito. A Assembléia Provincial votou pela degeneração da sua posse.
A primeira fase do movimento farroupilha , que contou com o apoio de todas as correntes liberais, desenvolveu-se de 20 de setembro de 1835 a 11 de setembro de 1836, caracterizando-se pela deposição do presidente Braga, pelo governo do vice-presidente Marciano Pereira Ribeiro, por vários combates e pela atuação da esquadrilha liberal. Os revolucionários aguardaram em vão que os liberais das outras províncias se unissem ao movimento, que era brasileiro.
A luta entre Farroupilhas e Imperiais prolongaria-se por mais nove anos, a maior luta civil do Brasil. Síntese dos principais acontecimentos do decênio:

15 de julho de 1836: O Major Marques de Souza e o Marechal João de Deus Menna Barreto ocupam Porto Alegre, desalojando os Farroupilhas para sempre da Capital, recolocando na presidência o Dr. Araújo Ribeiro.

11 de setembro de 1836: O General Farroupilha Antonio de Souza Neto, após vencer, no dia anterior, o legalista Silva Tavares no Seival, proclamou a República Rio-Grandense. Os Farroupilhas ofereceram a Bento Gonçalves a presidência da república.

Enquanto Bento Gonçalves estava preso, elegeram Gomes Jardim. Os farrapos fundaram uma república separatista porque adotaram uma nova bandeira, escudo de armas e hino, concediam cidadania, consideravam os brasileiros como estrangeiros, mantiveram representantes diplomáticos no Pata e em suas cartas diziam que fundaram uma nova nação. Pela primeira vez em território brasileiro, funcionou um estado republicano com presidente, ministros, coletorias, serviço de correio, exército, leis próprias e projeto de constituição, tendo como capitais a Vila de Piratini (10/11/1836 a 14/02/1839), Caçapava (14/02/1839 a 23/03/1840) e Alegrete até o término da guerra civil. O jornal “O Povo”, que circulou de 01/09/1838 a 23/05/1840, era seu órgão oficial. Entre as realizações destacam-se: desenvolvimento à instrução; foram criadas novas estradas, melhoradas as antigas e regularizado o serviço dos correios; um delegado em cada município elaborando as leis e estabelecendo o voto obrigatório e em matéria civil e penal, manteve as mesmas leis do Império; desenvolveu a diplomacia com os países vizinhos.
A proclamação da República Rio-Grandense foi um gesto extremo, uma vez que todas as tentativas de unidade nacional foram inúteis.

04 de outubro de 1836: Prisão de Bento Gonçalves. Após 3 dias de combates, na Ilha do Fanfa, rendia-se Bento Gonçalves a Bento Manuel Ribeiro, que fora ajudado pela esquadra imperial comandada por John Pascol Geefell. Bento Gonçalves foi enviado preso para o Rio de Janeiro e de lá para o Forte do Mar na Bahia donde conseguiu fugir auxiliado pela maçonaria retornando ao Rio Grande do Sul.

06 de novembro de 1836: Constituição do Governo Republicano.

29 de julho de 1839: Visando alargar o cenário da revolução e necessitando de um porto para a exportação de charque e couro, para a compra de armas e munições, pois o porto de Rio Grande estava em mãos dos imperiais e Montevidéu fechado aos farrapos, David Canabarro partiu com uma coluna expedicionária para Laguna, Santa Catarina, auxiliado pela esquadra de José Garibaldi, composta por dois pequenos navios “Seival” e “Rio Pardo”; transportados até o mar, na Barra do Tramandaí. Laguna é ocupada após dura batalha, proclamando-se ali a República Juliana, coligada à Rio-Grandense. Foram desalojados pelos legalistas a 15 de novembro de 1839.

Fevereiro de 1843: Realizou-se as primeiras sessões da Assembléia Constituinte (1838), o projeto de constituição com modelo na norte-americana e traços da Revolução Francesa. Onofre Pires acusa Bento Gonçalves da morte do vice-presidente Antonio Paulino da Fontoura. Travaram os dois um duelo, saindo ferido Onofre Pires, morrendo poucos dias depois. Em conseqüência, Bento Gonçalves renuncia o cargo, o mesmo fazendo Antonio Neto, deixando o comando do exército, assumindo Vasconcelos Jardim e David Canabarro.

Outubro de 1843: Chegam ao Rio Grande do Sul o Marechal de Campo Luís Alves de Lima e Silva, (Duque de Caxias), nomeado presidente e comandante chefe das operações militares, assumindo as funções em 9 de novembro. Gênio militar atraiu o Brigadeiro Bento Manuel desfalcando os farroupilhas de um valor militar; imprimiu mobilidade, novas táticas e reforços após a paz.

28 de fevereiro de 1845: Canabarro lança uma Proclamação dissolvendo o exército republicano e declarando pacificada a província.

1º de março de 1845: Às margens do Rio Santa Maria, perto de ponche verde, Caxias anunciava a paz.

Diversos motivos levaram os farroupilhas a assinarem a paz: o esgotamento dos farroupilhas pelo prolongado período de guerra, faltavam roupas, armas, haviam desentendimentos internos; o poderio dos legalistas aumentavam cada vez mais, bloqueavam estradas e tinham táticas perfeitas; o perigo externo simbolizado pelo ditador argentino Juan Manuel Rosas, sonhando na restauração do vice-reinado do Prata.
Após longos entendimentos entre Caxias e Canabarro, a Corte deu “carta branca” a Caxias para a assinatura da Paz atendendo as condições farroupilhas e em 1º de março de 1845 foi publicada a carta do tratado da “PAZ DE PONCHE VERDE”. As condições de paz foram:

- O indivíduo que foi indicado pelos revolucionários para Presidente da Província, é aprovado pelo governo Imperial e passará logo a presidir a província.
- A dívida nacional é paga pelo Governo Imperial, devendo apresentar-se ao Barão de Caxias, a relação dos credores para ele entregar à pessoa ou pessoas para isso nomeadas pelo Governo da República, a importância que montar a dita dívida.
- Os oficiais da República que pelo nosso comandante em chefe forem indicados passarão a servir o Exército do Brasil nos mesmos postos e, os que quiserem sua demissão, ou não quiserem pertencer ao referido exército não serão jamais obrigados a servir, tanto em Guarda Nacional como em primeira linha.
- São livres e como tais reconhecidos, todos os cativos que serviram na revolução.
- As causas civis, não tendo nulidades escandalosas são válidas, bem como todas as dispensas e licenças eclesiásticas.
- É garantida a segurança individual e de propriedade em toda sua plenitude.
- Tendo o Barão de organizar um corpo de linha receberão todos os oficiais para ele, dos republicanos, sempre que assim voluntariamente o queiram.
- Nossos prisioneiros de Guerra serão logo soltos e aqueles que estão fora da província serão reconduzidos a ela.
- Não serão reconhecidos em sua patente os nossos generais, porém gozarão das imunidades dos demais cidadãos.
- O governo Imperial vai tratar definitivamente da linha divisória com o estado Oriental do Uruguai
- Os soldados da república, com os respectivos comandantes relacionados ficam isentos do recrutamento de primeira linha. Os oficiais e soldados que pertenceram ao Exército Imperial e se apresentarem ao serviço da República, são plenamente garantidos como os demais republicanos.

Nenhum comentário:

Postar um comentário