quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Palavra de Prenda: Ticiana Leal

Boa tarde, queridos leitores!

Vamos seguindo aqui no Cantinho com a série de postagens "Palavra de Prenda", hoje contando com a participação especial desta Prenda que tanto já fez pelo nosso Movimento.

Venha com a gente e conheça Ticiana Leal!


"Promessas feitas na virada de um novo ano possuem fama de não serem cumpridas. Mas não existe nada melhor do que iniciar o ano já riscando uma da lista. Então eis aqui, finalmente, minha contribuição para o Cantinho Gaúcho:

​Primeiro preciso confessar que não é nada fácil resumir em palavras uma caminhada que se iniciou a cerca de 17 anos atrás. E aposto que os que me conhecem e estão lendo isso, devem estar pensando: “Mas tu faz jornalismo, Ticiana” – sim, esqueci de dizer que meu nome é Ticiana Leal e que sou estudante de Jornalismo – Porém respondo, sou muito boa quando se trata de contar as histórias de outras pessoas, mas isso não vale quando a pauta sou eu mesma.

​Mas vamos lá! 
Hoje eu tenho 21 anos e meu contato com o tradicionalismo se deu ao mesmo tempo em que eu ingressava na escola, ou seja, foi quando eu tinha 5 anos de idade. Foi através de conversas com colegas de aula, que o interesse surgiu. Descobri que o CTG que elas frequentavam era, também, o mais próximo da minha casa. Não preciso dizer que isso foi o estopim para que eu incomodasse minha mãe para me levar nem que fosse só para olhar.

​Como ocorre com a maioria dos tradicionalistas, o ingresso neste meio se dá através das invernadas artísticas e comigo não foi diferente. Tinha facilidade de aprender as danças e amava os sarandeios. Porém, existe algo que pouquíssima gente sabe ou lembra, eu era muito tímida e toda vez que o instrutor tentava me colocar para dançar junto com o grupo e me presenteava com um par, eu praticamente saia correndo (eu prefiro pensar que eu já era independente demais e achava que não precisava de um peão para me conduzir).

​Isso tudo aconteceu em meados de maio e cerca de dois meses depois eu inventei de me aventurar pelos Concursos de Prenda do CTF Os Nativos. Na primeira vez foi praticamente um pesadelo. Lembro pouca coisa, entre elas a de não saber o que tinha que fazer e acabar indo realizar apenas duas das três provas. Essa uma era a artística que eu já comecei toda errada, ao dizer que minha mãe era Alfredo e que meu pai era Jurema (hoje estou dando risada, mas na época...). O pior é que não terminou por aí, a outra habilidade a ser testada era a de cevar um mate e adivinhem o que aconteceu com a pequena Ticiana? Sim, eu derramei erva nas planilhas dos avaliadores, no vestido, por tudo! Resumindo minha primeira experiência em Concursos de Prendas, não foi um sonho e até poderia ter feito com que eu nunca mais quisesse participar de um.

​Surpresa! Não foi isso que aconteceu. No ano seguinte me dediquei em aprender tudo que tinha que ser feito e voltei a concorrer. Lembro que as provas daquele ano, para a categoria dente-de-leite, eram apenas a mostra folclórica e a artística. Na primeira fiz uma mobília de material reciclado, com tudo que uma casa de brinquedo tinha direito. Na prova seguinte, eu finalmente acertei a ordem dos nomes dos meus pais e fiz tudo certinho, quanto orgulho! O resultado foi o cargo de 3ª Prendinha Dente-de-Leite do CTF Os Nativos 2003/2004.

​Depois disso não parei mais, segui apenas trocando de categoria: Prenda Farroupilha 2004/2005; 1ª Prenda Mirim 2005/2006, que me deu a oportunidade de concorrer pela primeira vez em uma Cirande de Prendas – fase regional; 2ª Prenda Juvenil 2006/2007, e aqui tive a responsabilidade de representar a entidade após a primeira prenda desistir de participar do concurso regional e mesmo com um tempo de preparação resumido em menos de 30 dias consegui sair do baile realizado na sede campestre do DT Querência das Dores, como 3ª Prenda Juvenil da 13ª RT 2007/2008.

​Foi a partir daquele dia que eu vi que ser prenda era uma espécie de vocação e que eu não poderia nunca deixar de sonhar e acreditar nos meus sonhos. Também foi uma gestão que me proporcionou muito conhecimento e principalmente amizades. A Janine Appel, que era 1ª Prenda do RS na época, dizia que eu era uma pentelha, porque apesar da minha pouca idade, eu sempre conversava com as prendas e peões mais velhos e dava pitaco nos assuntos como se eu tivesse mais do que 12/13anos de idade. Todo esse amadurecimento, que chegava a ser algo precoce comparado aos meus colegas de escola, por exemplo, acredito que se deve muito ao meu envolvimento com o tradicionalismo. Em geral é uma das diferenças mais visíveis entre as crianças que estão no meio tradicionalista e aquelas que não fazem parte.

​E, este foi um dos motivos pelo qual eu voltei a concorrer na entidade após ter entregue o cargo regional para minha sucessora. Como 1ª Prenda Juvenil 2008/2009, eu resolvi que retornaria à Ciranda Regional e como se fosse algo previamente combinado, voltei para buscar a minha faixa de 3ª Prenda Juvenil, só que agora era da gestão 2009/dois mil e sempre. O carinho que eu tenho por tudo que vivenciamos no decorrer daquele ano, é guardado com muito carinho. Até hoje quando eu vejo a Tainá Valenzuela, que era a 1ª Prenda, é como se eu voltasse para aquela época. Talvez tenha ficado marcada justamente por eu ter tido a oportunidade de conhecer pessoas especiais e que me ensinaram muito. Até me arrisco a dizer que depois desta gestão eu me tornei outra Ticiana.

​Após o término desta última gestão regional, eu resolvi dar um tempo das Cirandas e realizar sonhos no âmbito das danças tradicionais. Foi ainda em 2009 que eu, também, troquei de entidade. Sai do CTF Os Nativos e entrei no CPF Piá do Sul, onde tive a oportunidade de participar de quatro JUVERNART’s e auxiliar nos festivais promovidos pela entidade. Até hoje lembro com nostalgia os anos no qual fui parte do elenco juvenil do “Piá”, dos ensaios que começavam cedo da manhã e terminavam só a noite, de cada rodeio que participamos, do sofrimento que foi o dia em que nós estivemos fora do concurso estadual da categoria e da alegria ao saber que haviam criado um novo bloco e da realização do sonho de ser Campeão do Juvenart em 2012 (ano em que boa parte do grupo estava com a idade limite do festival) e levar o tricampeonato para a entidade.

​Ainda, durante o tempo em que fiz parte do Piá do Sul, que assumi o desafio de ser Diretora do Departamento Jovem da 13ª RT e logo após ser integrante da gestão Inter-regional e auxiliar na organização eventos estaduais promovidos pelo departamento. Sempre comento que essa foi uma fase muito importante, porque pude entender e refletir sobre qual é a real importância do jovem no tradicionalismo organizado.

​Mas, com o início da faculdade tive de me “afastar”da vida tradicionalista e isso foi importante para observar de fora os caminhos que o Movimento Tradicionalista Gaúcho estava seguindo. Quando retornei, voltei com um olhar diferente, voltei sem medo de expressar minha opinião e isso tem me ajudado bastante para o desenvolvimento de projetos e evento. Arrisco a dizer que todo tradicionalista deveria em algum momento da vida dar um tempo e fazer essa observação, afinal o ser humano por vezes acaba se acostumado com o que está vivenciando e até mesmo se acomoda diante das situações.

​Enfim, foi só em 2015 que eu efetivamente retornei para o meio tradicionalista e mais uma vez foi através da invernada artística, agora do DTCE Marcas do Pampa. Fui tão bem recebida por antigos amigos, que eles acabaram me convencendo a fazer mais pela entidade e o sonho adormecido de prenda retornou com força total. Sempre ouvi da minha mãe que “Deus escreve certo por linhas tortas” e que “tudo acontece ao seu tempo” e cada frase dessas tem se tornando verdade absoluta desde que assumi como 1ª Prenda da entidade 2015/2016. Afinal, até o 64º Congresso Tradicionalista, realizado em janeiro de 2016, eu estava convicta de que ainda não era hora de retornar para a Ciranda de Prenda regional. Porém, para provar que minha mãe sempre está certa, voltei de Bento Gonçalves já pensando nos projetos que faltavam, em qual tema poderia ser trabalhado na mostra folclórica, onde e quem poderia me ajudar com a pesquisa de campo, quantos eventos ainda tinham para participar, onde andavam os materiais de estudo que as pessoas me mandavam como incentivo para voltar a ser prenda de faixa, quem poderia enviar material e emprestar os livros para xerox e claro, chamei o Ângelo Pacheco para avisar que ele ia ter que cumprir a promessa dele e elaborar uma artística para mim.

​E hoje estou aqui, sou 1ª Prenda da 13ª RT 2016/2017 tentando ser e representar as prendas que já ocuparam esse posto, elas que contribuíram para o meu crescimento e para a prenda que eu sou hoje: Aimara Bolsi, Ângela Zanella, Mariana Mallmann e Tainá Valenzuela. Além de todas as pessoas que em todos estes anos estiveram ao meu lado e estenderam a mão quando precisei de auxílio. A todos vocês, com carinho, meu muito obrigada!

​Então, pessoal que aguentou ler tudo, esse é um pouco do que é Ticiana Leal, a 1ª Prenda da 13ªRT que tem 21 anos de idade e 17 de tradicionalismo, que mora em Santa Maria, estuda jornalismo e não sabe expressar em palavras a própria história e, a moral da história é: Não deixem que os deslizes no início da caminhada se transformem em traumas e medos e acabem fazendo com que você desista do teus sonhos e objetivos. Afinal, tudo tem um porquê e o momento certo para acontecer. 
Isso vale para vida fora do tradicionalismo também! Beijão!"

Galeria de fotos:













Ticiana, parabéns por toda a tua história, construída com muito amor e dedicação ao nosso Movimento. Tenho certeza que és exemplo pra muitos jovens tradicionalistas, que carregam os mesmos sonhos e objetivos!
Te desejo tudo sucesso do mundo, e deixo um agradecimento especial por ter dividido conosco a tua história :)

Grande beijo a todos, e até logo ;**

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